dem-alterar-as-escolhas-dos-consumidores-de-lacteos-238693/" />

Menos gordura, mais proteína: o novo rumo dos laticínios

A onda do GLP-1 altera preferências: menos laticínios gordurosos e adoçados, mais foco em proteínas puras como leite desnatado e whey. Saiba mais!

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 4 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 0

Enquanto a obesidade domina as manchetes, uma onda mais sutil está redesenhando o cenário dos laticínios. Os medicamentos com GLP-1, originalmente desenvolvidos para o controle do diabetes, ganharam destaque como catalisadores da perda de peso. Com 40% da população mundial com sobrepeso ou obesidade — quase o dobro da população subnutrida —, os sistemas de saúde estão sob pressão. Esses medicamentos, que imitam o hormônio peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1), reduzem o apetite ao aumentar a saciedade e desacelerar a digestão, com potencial para redefinir não apenas corpos, mas também os mercados alimentares — inclusive o de laticínios.

Uma pesquisa de 2023 indica que 15,5 milhões de adultos nos EUA utilizam essas injeções, com uma projeção de adoção de 9% até 2030. O mercado de GLP-1, atualmente avaliado em US$ 47 bilhões, pode crescer dez vezes até 2032 (Pharmaceutical Journal, 2024). Usuários reduzem a ingestão calórica diária em 20% (cerca de 800 kcal), preferindo proteínas magras em vez de alimentos gordurosos, salgados, açucarados ou processados. Para o setor lácteo, isso cria uma divisão clara: as proteínas puras ganham espaço, enquanto as guloseimas industrializadas perdem força.

 

A ascensão da proteína nos laticínios

Os usuários de GLP-1 não apenas comem menos — eles mudam suas preferências. Pesquisas de 2023 mostram uma queda no desejo por alimentos ricos, doces ou salgados, o que afeta laticínios processados como sorvetes, queijos intensos e iogurtes adoçados. Relatórios de varejo de outubro de 2023 apontam queda nas compras, com os produtos mais processados sendo os mais afetados (FoodNavigator, 2024). Um estudo canadense registrou uma redução de 30% na demanda por lanches lácteos doces, como leites saborizados e sobremesas. Já a proteína permanece em alta. Uma usuária dos medicamentos relatou ter trocado "besteiras" por iogurte natural e cottage.

Continua depois da publicidade

Essa mudança impulsiona um boom proteico nos laticínios. Leite, whey e caseína se encaixam nas dietas com GLP-1, evitando desconfortos digestivos como diarreia ou constipação, associados a alimentos gordurosos (The Economist, 2024).

Especialistas preveem aumento no consumo de laticínios com baixo teor de gordura e sem adição de açúcar, enquanto itens cremosos e processados — como molhos de queijo ou sobremesas congeladas — devem perder espaço. Um especialista em sistemas alimentares prevê uma tendência de “proteínas animais com menos gordura”, um território onde os laticínios podem dominar ao priorizar a pureza (EW Nutrition, 2024).

 

O declínio dos laticínios processados

Os medicamentos com GLP-1 representam uma ameaça para os bastiões processados dos laticínios. Projeções sugerem uma queda de 4% nos EUA no consumo de bebidas açucaradas, lanches salgados e alimentos gordurosos até 2035, impactando produtos lácteos como milkshakes e molhos cremosos. Dados mostram que os usuários evitam laticínios com alto teor de gordura, sal e açúcar, refinando seus paladares (FoodNavigator, 2024). Para uma indústria que há muito se apoia em produtos indulgentes, como cafés cremosos aromatizados, isso sinaliza uma mudança. Enquanto algumas empresas já se adaptam com opções mais “amigáveis ao GLP-1”, outras ainda resistem — arriscando-se a perder relevância à medida que os hábitos dos consumidores evoluem.

Os produtores também sentirão os efeitos. A demanda reduzida por leite rico em gordura pode direcionar a genética do rebanho para produções mais proteicas do que voltadas ao teor de gordura. Analistas sugerem que áreas hoje dedicadas ao cultivo de ingredientes para produtos adoçados (como açúcar para iogurtes) possam ser redirecionadas para culturas que melhorem o rendimento proteico do leite (The Economist, 2024). Ainda assim, a proteína animal — incluindo o leite — deverá sofrer disrupções mais brandas do que os setores de lanches e bebidas, com previsão de queda de apenas 0,5 a 1% na produção ao longo de uma década.

 

Dinâmica econômica e de mercado

O setor de laticínios está em um ponto de inflexão. A redução de 20% na ingestão calórica geral pode encolher as vendas de alimentos, mas a ascensão da proteína oferece estabilidade. Dados de varejo de 2023 relacionam o uso de GLP-1 à queda nas vendas de snacks, enquanto laticínios simples e suplementos proteicos seguem estáveis (CBC News, 2024). Se 9% dos americanos — frequentemente os primeiros a aderirem a novas tendências — adotarem GLP-1 até 2030, sua preferência por proteínas lácteas magras pode remodelar o mercado e as prateleiras. Líderes do setor defendem cortes de açúcar e revisão de porções, promovendo uma transição para produtos mais simples (Tilley Distribution, 2024).

O custo ainda é um obstáculo. Os preços elevados dos medicamentos GLP-1 limitam o o, favorecendo consumidores mais ricos. Pesquisas indicam que seria necessário um corte de 85% no preço para tornar o uso amplamente ível — até lá, os laticínios proteicos de alta qualidade lideram o movimento (The Economist, 2024). A demanda crescente por perda de peso também pode empurrar o setor para valorizar mais o leite in natura e menos o processamento industrial.

 

O próximo capítulo dos laticínios

Os medicamentos com GLP-1 estão redesenhando o panorama dos laticínios. Proteínas puras como leite desnatado e whey têm enorme potencial, enquanto produtos gordurosos, processados ou adoçados enfrentam desafios.

Empresas que investirem em produtos centrados na proteína poderão liderar esse novo ciclo; quem ficar para trás, corre o risco de desaparecer. Os produtores devem focar em rendimentos mais magros. Essa mudança, segundo um especialista, “terá um impacto profundo” nos sistemas alimentares (The Economist, 2024). O setor de laticínios pode aproveitar o embalo das proteínas — ou ver seus lucros com produtos processados minguarem.


As informações são do Dairy Herd Management, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint

 

QUER AR O CONTEÚDO? É GRATUITO!

Para continuar lendo o conteúdo entre com sua conta ou cadastre-se no MilkPoint.

Tenha o a conteúdos exclusivos gratuitamente!

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 0

Publicado por:

Foto MilkPoint

MilkPoint

O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Qual a sua dúvida hoje?

Menos gordura, mais proteína: o novo rumo dos laticínios

A onda do GLP-1 altera preferências: menos laticínios gordurosos e adoçados, mais foco em proteínas puras como leite desnatado e whey. Saiba mais!

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 4 minutos de leitura

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 0

Enquanto a obesidade domina as manchetes, uma onda mais sutil está redesenhando o cenário dos laticínios. Os medicamentos com GLP-1, originalmente desenvolvidos para o controle do diabetes, ganharam destaque como catalisadores da perda de peso. Com 40% da população mundial com sobrepeso ou obesidade — quase o dobro da população subnutrida —, os sistemas de saúde estão sob pressão. Esses medicamentos, que imitam o hormônio peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1), reduzem o apetite ao aumentar a saciedade e desacelerar a digestão, com potencial para redefinir não apenas corpos, mas também os mercados alimentares — inclusive o de laticínios.

Uma pesquisa de 2023 indica que 15,5 milhões de adultos nos EUA utilizam essas injeções, com uma projeção de adoção de 9% até 2030. O mercado de GLP-1, atualmente avaliado em US$ 47 bilhões, pode crescer dez vezes até 2032 (Pharmaceutical Journal, 2024). Usuários reduzem a ingestão calórica diária em 20% (cerca de 800 kcal), preferindo proteínas magras em vez de alimentos gordurosos, salgados, açucarados ou processados. Para o setor lácteo, isso cria uma divisão clara: as proteínas puras ganham espaço, enquanto as guloseimas industrializadas perdem força.

 

A ascensão da proteína nos laticínios

Os usuários de GLP-1 não apenas comem menos — eles mudam suas preferências. Pesquisas de 2023 mostram uma queda no desejo por alimentos ricos, doces ou salgados, o que afeta laticínios processados como sorvetes, queijos intensos e iogurtes adoçados. Relatórios de varejo de outubro de 2023 apontam queda nas compras, com os produtos mais processados sendo os mais afetados (FoodNavigator, 2024). Um estudo canadense registrou uma redução de 30% na demanda por lanches lácteos doces, como leites saborizados e sobremesas. Já a proteína permanece em alta. Uma usuária dos medicamentos relatou ter trocado "besteiras" por iogurte natural e cottage.

Continua depois da publicidade

Essa mudança impulsiona um boom proteico nos laticínios. Leite, whey e caseína se encaixam nas dietas com GLP-1, evitando desconfortos digestivos como diarreia ou constipação, associados a alimentos gordurosos (The Economist, 2024).

Especialistas preveem aumento no consumo de laticínios com baixo teor de gordura e sem adição de açúcar, enquanto itens cremosos e processados — como molhos de queijo ou sobremesas congeladas — devem perder espaço. Um especialista em sistemas alimentares prevê uma tendência de “proteínas animais com menos gordura”, um território onde os laticínios podem dominar ao priorizar a pureza (EW Nutrition, 2024).

 

O declínio dos laticínios processados

Os medicamentos com GLP-1 representam uma ameaça para os bastiões processados dos laticínios. Projeções sugerem uma queda de 4% nos EUA no consumo de bebidas açucaradas, lanches salgados e alimentos gordurosos até 2035, impactando produtos lácteos como milkshakes e molhos cremosos. Dados mostram que os usuários evitam laticínios com alto teor de gordura, sal e açúcar, refinando seus paladares (FoodNavigator, 2024). Para uma indústria que há muito se apoia em produtos indulgentes, como cafés cremosos aromatizados, isso sinaliza uma mudança. Enquanto algumas empresas já se adaptam com opções mais “amigáveis ao GLP-1”, outras ainda resistem — arriscando-se a perder relevância à medida que os hábitos dos consumidores evoluem.

Os produtores também sentirão os efeitos. A demanda reduzida por leite rico em gordura pode direcionar a genética do rebanho para produções mais proteicas do que voltadas ao teor de gordura. Analistas sugerem que áreas hoje dedicadas ao cultivo de ingredientes para produtos adoçados (como açúcar para iogurtes) possam ser redirecionadas para culturas que melhorem o rendimento proteico do leite (The Economist, 2024). Ainda assim, a proteína animal — incluindo o leite — deverá sofrer disrupções mais brandas do que os setores de lanches e bebidas, com previsão de queda de apenas 0,5 a 1% na produção ao longo de uma década.

 

Dinâmica econômica e de mercado

O setor de laticínios está em um ponto de inflexão. A redução de 20% na ingestão calórica geral pode encolher as vendas de alimentos, mas a ascensão da proteína oferece estabilidade. Dados de varejo de 2023 relacionam o uso de GLP-1 à queda nas vendas de snacks, enquanto laticínios simples e suplementos proteicos seguem estáveis (CBC News, 2024). Se 9% dos americanos — frequentemente os primeiros a aderirem a novas tendências — adotarem GLP-1 até 2030, sua preferência por proteínas lácteas magras pode remodelar o mercado e as prateleiras. Líderes do setor defendem cortes de açúcar e revisão de porções, promovendo uma transição para produtos mais simples (Tilley Distribution, 2024).

O custo ainda é um obstáculo. Os preços elevados dos medicamentos GLP-1 limitam o o, favorecendo consumidores mais ricos. Pesquisas indicam que seria necessário um corte de 85% no preço para tornar o uso amplamente ível — até lá, os laticínios proteicos de alta qualidade lideram o movimento (The Economist, 2024). A demanda crescente por perda de peso também pode empurrar o setor para valorizar mais o leite in natura e menos o processamento industrial.

 

O próximo capítulo dos laticínios

Os medicamentos com GLP-1 estão redesenhando o panorama dos laticínios. Proteínas puras como leite desnatado e whey têm enorme potencial, enquanto produtos gordurosos, processados ou adoçados enfrentam desafios.

Empresas que investirem em produtos centrados na proteína poderão liderar esse novo ciclo; quem ficar para trás, corre o risco de desaparecer. Os produtores devem focar em rendimentos mais magros. Essa mudança, segundo um especialista, “terá um impacto profundo” nos sistemas alimentares (The Economist, 2024). O setor de laticínios pode aproveitar o embalo das proteínas — ou ver seus lucros com produtos processados minguarem.


As informações são do Dairy Herd Management, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint

 

QUER AR O CONTEÚDO? É GRATUITO!

Para continuar lendo o conteúdo entre com sua conta ou cadastre-se no MilkPoint.

Tenha o a conteúdos exclusivos gratuitamente!

Ícone para ver comentários 0
Ícone para curtir artigo 0

Publicado por:

Foto MilkPoint

MilkPoint

O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Qual a sua dúvida hoje?