Desafios da linha de ordenha

A introdução do manejo de linha de ordenha na produção de leite é um processo importante e desafiador, que requer planejamento, treinamento e monitoramento.

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A introdução do manejo de linha de ordenha em propriedades produtoras de leite é um processo importante e desafiador, que requer planejamento, treinamento e monitoramento adequados.

Entende-se como linha de ordenha a ordem em que os animais entrarão na sala de ordenha.  Tal ordem deve ser planejada com base em objetivos predefinidos, como diminuir o estresse, reduzir as contaminações entre os animais e reduzir a mistura do leite de animais sadios com o leite de vacas que estão com mastite e em tratamento. Mas antes de implantar o manejo de linha de ordenha, é essencial realizar um planejamento detalhado. Isso inclui avaliar a infraestrutura existente, os recursos disponíveis e o treinamento necessário para os colaboradores.

Antes de tudo, definir critérios claros em relação da ordem das vacas a serem ordenhadas é fundamental para iniciar o planejamento e pensar nos ajustes necessários para a propriedade. Um dos critérios mais utilizados e que produz bons resultados é a saúde do úbere, que se define por ordenar os animais dos mais sadios para os menos sadios: primeiro entram as vacas de primeira cria e sadias, depois as vacas com mais de uma cria e sadias, seguidas pelas vacas que já tiveram mastite e foram curadas, vacas com mastite subclínica e por fim, vacas com mastite clínica (grumos no leite) ou em tratamento, que são ordenhadas por último com este leite de baixíssima qualidade sendo descartado.

A vantagem de escolher a saúde do úbere para manutenção de uma linha de ordenha é a diminuição de mastite contagiosa na propriedade (transmitida na hora da ordenha), o que reduzirá os gastos com medicamentos e também a quantidade de leite a ser descartado, construindo um diferencial positivo na renda do produtor.

Um dos objetivos da linha de ordenha é melhorar os padrões de qualidade do leite, como a contagem de células somáticas (CCS) e a contagem bacteriana total (CBT). O produtor deve inserir na sua rotina avaliações de saúde do úbere, além da CCS e do CBT, o Califórnia Mastite Teste (CMT), que para linha de ordenha significa ordenhar primeiro as vacas com contagens de células somáticas (CCS) inferiores a duzentos mil por ml de leite, ou Califórnia Mastite Teste (CMT) negativo, e só depois aquelas que apresentarem resultados superiores. Implantar linha de ordenha trará a necessidade de monitorar regularmente a qualidade do leite e fazer ajustes conforme necessário para garantir que os padrões de qualidade sejam atendidos.

É necessário verificar se a sala de ordenha e os equipamentos estão em boas condições e são adequados para o manejo de linha de ordenha que se propôs seguir. Pode ser necessário investimento em equipamentos, como ordenhadoras, teteiras em maior número, tanques de refrigeração maiores, sistema de limpeza automática, entre outros, além de considerar o aumento dos custos operacionais, incluindo energia elétrica, manutenção e reposição de peças dos equipamentos.

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Certifique-se de que há espaço suficiente para acomodar o número esperado de vacas. Nem todas as propriedades têm espaço suficiente para instalar uma linha de ordenha, principalmente quando é necessário separar lotes de animais para facilitar o manejo dessa linha. Essa falta de espaço pode impedir a implementação da linha de ordenha ou exigir ajustes na infraestrutura existente.

A linha de ordenha gera uma quantidade significativa de resíduos, como água suja, detergentes e produtos químicos de limpeza. Pensar no descarte adequado será mais um desafio para garantir a saúde ambiental e do rebanho.

Em seguida, identifique e treine os colaboradores responsáveis pela ordenha. Operar a linha de ordenha requer habilidades específicas por parte dos colaboradores. O treinamento adequado é essencial para garantir que a equipe saiba como operar os equipamentos corretamente, selecionar animais e ainda, seguir os procedimentos de higiene adequados.

A linha de ordenha também exige tempo adicional da equipe, especialmente durante a fase de transição, então tempo será necessário para treinamento, ajustes e adaptação à nova rotina de trabalho. A introdução de mudanças significativas pode encontrar resistência por parte dos colaboradores, sendo importante envolver todas as partes interessadas desde o início do processo e comunicar os benefícios da mudança de forma clara e transparente.

Alguns animais podem ter dificuldade em se adaptar à nova rotina de ordenha, sendo importante monitorar o comportamento das vacas durante a transição, além de garantir um manejo tranquilo. A implementação pode ser um pouco difícil e exigir paciência e dedicação dos colaboradores, com isso é aconselhável separar os animais em lotes para facilitar o manejo, seguindo sempre os critérios já citados. Porém, uma vez que essa implementação for bem sucedida, o manejo será facilitado e o estresse será reduzido, favorecendo o trabalho do produtor, o bem estar dos animais e o lucro da fazenda.

Introduza o manejo de linha de ordenha gradualmente, começando com um pequeno grupo de vacas e expandindo à medida que os colaboradores ganham confiança e habilidade. Deixe definidos e a mostra em locais adequados “Procedimentos Operacionais Padrão” (POPs) para o manejo de linha de ordenha, incluindo instruções específicas para a seleção de vacas, a preparação dos tetos, a ordenha propriamente dita e a limpeza pós-ordenha. Os POPs garantem que todas as tarefas sejam realizadas da mesma maneira em todos os momentos, independentemente do operador. Isso ajuda a garantir a uniformidade de ação, a segurança do colaborador, a qualidade do leite, a saúde do rebanho e a eficiência operacional. POPs economizam tempo e recursos, aumentando a produtividade da fazenda.

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Monitore regularmente a eficácia do manejo de linha de ordenha, observando a qualidade do leite produzido, a saúde do úbere das vacas e a eficiência do processo de ordenha. O monitoramento irá garantir que as operações da propriedade leiteira sejam realizadas de maneira consistente, eficiente, segura e de acordo com as melhores práticas de higiene.

 

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Autores:
 

Ana Clara Souza Resende de Aguiar - Discente do curso de Medicina Veterinária, UFRRJ, Membros LiBovis.

Pedro Caíque Moreira Barbosa - Discentes do curso de Medicina Veterinária, UFRRJ, Membros LiBovis.

Ana Paula Lopes Marques - Orientadora, LiBovis-UFRRJ.

 

Referências:

DE ARAUJO PIMENTA, José Luiz Leonardo et al. Influência da linha de ordenha no comportamento de vacas leiteiras. Revista Científica Rural, v. 22, n. 1, 2020. Disponível em: . o em: 7 fev. 2024.

EPAMIG. Cartilha do Produtor de Leite: Boas Práticas de Ordenha. Minas Gerais. 2012. Disponível em: . o em: 19 ago. 2023.

GIMNECKI, Raphaella Duarte; MOTTA, Amanda de Souza da. Manual informativo: boas práticas agropecuárias em bovinos leiteiros. UFRGS, 2023. Disponível em: < https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/265101/001177188.pdf?sequence=1>. o em: 28 fev. 2024.

 
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Material escrito por:

LiBovis - UFRRJ

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A Liga de Bovinos, LiBovis, é um grupo de estudos constituído por alunos de graduação em Medicina Veterinária e áreas afins da UFRRJ. Tem como objetivos estudar, compreender e defender os interesses da bovinocultura contribuindo para sua valorização.

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Antes de tudo, definir critérios claros em relação da ordem das vacas a serem ordenhadas é fundamental para iniciar o planejamento e pensar nos ajustes necessários para a propriedade. Um dos critérios mais utilizados e que produz bons resultados é a saúde do úbere, que se define por ordenar os animais dos mais sadios para os menos sadios: primeiro entram as vacas de primeira cria e sadias, depois as vacas com mais de uma cria e sadias, seguidas pelas vacas que já tiveram mastite e foram curadas, vacas com mastite subclínica e por fim, vacas com mastite clínica (grumos no leite) ou em tratamento, que são ordenhadas por último com este leite de baixíssima qualidade sendo descartado.

A vantagem de escolher a saúde do úbere para manutenção de uma linha de ordenha é a diminuição de mastite contagiosa na propriedade (transmitida na hora da ordenha), o que reduzirá os gastos com medicamentos e também a quantidade de leite a ser descartado, construindo um diferencial positivo na renda do produtor.

Um dos objetivos da linha de ordenha é melhorar os padrões de qualidade do leite, como a contagem de células somáticas (CCS) e a contagem bacteriana total (CBT). O produtor deve inserir na sua rotina avaliações de saúde do úbere, além da CCS e do CBT, o Califórnia Mastite Teste (CMT), que para linha de ordenha significa ordenhar primeiro as vacas com contagens de células somáticas (CCS) inferiores a duzentos mil por ml de leite, ou Califórnia Mastite Teste (CMT) negativo, e só depois aquelas que apresentarem resultados superiores. Implantar linha de ordenha trará a necessidade de monitorar regularmente a qualidade do leite e fazer ajustes conforme necessário para garantir que os padrões de qualidade sejam atendidos.

É necessário verificar se a sala de ordenha e os equipamentos estão em boas condições e são adequados para o manejo de linha de ordenha que se propôs seguir. Pode ser necessário investimento em equipamentos, como ordenhadoras, teteiras em maior número, tanques de refrigeração maiores, sistema de limpeza automática, entre outros, além de considerar o aumento dos custos operacionais, incluindo energia elétrica, manutenção e reposição de peças dos equipamentos.

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A linha de ordenha gera uma quantidade significativa de resíduos, como água suja, detergentes e produtos químicos de limpeza. Pensar no descarte adequado será mais um desafio para garantir a saúde ambiental e do rebanho.

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Alguns animais podem ter dificuldade em se adaptar à nova rotina de ordenha, sendo importante monitorar o comportamento das vacas durante a transição, além de garantir um manejo tranquilo. A implementação pode ser um pouco difícil e exigir paciência e dedicação dos colaboradores, com isso é aconselhável separar os animais em lotes para facilitar o manejo, seguindo sempre os critérios já citados. Porém, uma vez que essa implementação for bem sucedida, o manejo será facilitado e o estresse será reduzido, favorecendo o trabalho do produtor, o bem estar dos animais e o lucro da fazenda.

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Referências:

DE ARAUJO PIMENTA, José Luiz Leonardo et al. Influência da linha de ordenha no comportamento de vacas leiteiras. Revista Científica Rural, v. 22, n. 1, 2020. Disponível em: . o em: 7 fev. 2024.

EPAMIG. Cartilha do Produtor de Leite: Boas Práticas de Ordenha. Minas Gerais. 2012. Disponível em: . o em: 19 ago. 2023.

GIMNECKI, Raphaella Duarte; MOTTA, Amanda de Souza da. Manual informativo: boas práticas agropecuárias em bovinos leiteiros. UFRGS, 2023. Disponível em: < https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/265101/001177188.pdf?sequence=1>. o em: 28 fev. 2024.

 
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