No final de 2024 ganhou força as discussões em torno da mudança na escala de trabalho, colocando fim ao modelo 6x1, com argumentos pautados em maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, entre outras questões. Sabe-se que existem inúmeros fatores envolvidos nas decisões relacionadas à escala de trabalho, sendo que as empresas/fazendas adotam o que melhor se enquadra no seu perfil e no perfil dos seus colaboradores, dada a legislação vigente.
No entanto, atualmente no setor de leite, a escala 6x1 é predominante nas fazendas. O objetivo deste estudo é mostrar o impacto no custo de produção e na margem líquida da atividade em um cenário de alteração na escala 6x1 para 5x2, considerando apenas mudanças nas horas trabalhadas. Será avaliado apenas o impacto da mudança em custo e margem, sem a discussão do mérito qualitativo destas eventuais mudanças. Alterações na produtividade da mão de obra ou quaisquer outras mudanças gerenciais ou nos sistemas de produção não foram consideradas.
A análise partiu da premissa de redução da jornada semanal de 48 para 40 horas, ou seja, uma diminuição de 8 horas por semana, o que impactará diretamente no custo relacionado à mão de obra. Essas 8 horas equivalem a cerca de 20% da jornada de trabalho total, sendo este o aumento de custo de mão de obra considerado, itido todo o restante constante.
Essa é uma hipótese simplificadora, acatada para viabilizar o trabalho, ainda que se saiba que a mão de obra não seja facilmente fracionada. Como exemplo, uma fazenda que possui dois funcionários, com um cobrindo a folga do outro, poderá necessitar da contratação de um terceiro funcionário, com impacto superior no custo de mão de obra. Para a realização deste estudo, além dessa hipótese simplificadora, utilizou-se um banco de dados gerenciado pela Labor Rural de centenas de fazendas de leite, de diversos estados e perfis produtivos. Foram consideradas apenas aquelas fazendas cuja mão de obra contratada representa 50% ou mais da mão de obra utilizada, o que culminou em uma amostra contendo 292 fazendas.
A importância da mão de obra no custo de produção de leite
Na Figura 1 mostra o peso da mão de obra contratada no custo operacional efetivo (COE) das fazendas analisadas, mostrando uma grande amplitude nos resultados. Os resultados apresentam grande variação entre as propriedades, indo de apenas 3%, um percentual relativamente baixo, até 30% do COE, que é bastante elevado. Em média, no entanto, o custo com mão de obra contratada representou 9,8% do custo operacional efetivo de produção, o que tem uma grande relevância no resultado final. Além da relevância econômica direta, a mão de obra tem impacto em inúmeras tarefas em uma fazenda de pecuária de leite, sendo fundamental ser bem treinada e gerenciada.
Figura 1. Participação da mão de obra contratada no custo operacional efetivo (COE) de produção de leite, em 2023, valores individuais para propriedades classificadas em ordem crescente de participação, expressos em porcentagem.
Fonte: Labor Rural/Embrapa Gado de Leite.
Considerando a importância econômica da mão de obra contratada na atividade leiteira, um incremento médio de 20% no custo desta mão de obra causou um impacto variando de R$ 0,011/litro até R$0,127/litro, nas diferentes propriedades analisadas.
Em média, o custo de produção de leite foi onerado em R$0,041/litro. Com base nessa simulação aplicada a todas as fazendas, COE do leite na amostra analisada teria uma elevação entre 0,7% e 6,3% por litro de leite produzido (Figura 2).
Figura 2. Mudança no COE do leite com a alteração na escala de 6x1 para 5x2, em 2023, valores individuais para propriedades classificadas em ordem crescente de impacto, expressos em R$/litro.
Fonte: Labor Rural/Embrapa Gado de Leite.
Impacto da mudança de escala de trabalho na margem líquida do leite
Além de entender o impacto no custo de produção, é fundamental avaliar o possível impacto na margem líquida (ML) do leite. Neste caso, existem várias nuances que poderiam ser consideradas. Uma delas seriam as fazendas com ML positiva, mesmo após a alteração na escala de trabalho, onde a redução na ML variou de 1,8% até 88,2%. Este limite superior ilustra que, em algumas fazendas, a ML foi praticamente zerada com a alteração considerada na jornada de trabalho. Quanto menor a ML por litro de leite produzido, maior o impacto percentual da alteração simulada.
Ainda sobre o impacto na ML, outra nuance seria considerar o número de fazendas que teve a ML ando de positiva para negativa, o que ocorreu em 6% das fazendas. Ou seja, coHTTP/1.1 200 Connection established HTTP/1.1 200 OK Cache-Control: no-cache, no-store Pragma: no-cache Content-Length: 186516 Content-Type: text/html; charset=utf-8 Vary: Accept-Encoding Server: MilkPoint Ventures Strict-Transport-Security: max-age=7776000; includeSubDomains; preload Alt-Svc: h3=":443" referrer-policy: strict-origin-when-cross-origin X-Content-Type-Options: nosniff X-Permitted-Cross-Domain-Policies: none X-XSS-Protection: 1; mode=block Content-Security-Policy: frame-ancestors 'self' https://wm.agripoint.com.br https://lookerstudio.google.com blazor-enhanced-nav: allow X-Servidor: Novo Date: Thu, 12 Jun 2025 16:21:45 GMT
Mudança na escala de trabalho 6x1 para 5x2: impacto em custo e margem na atividade leiteira
Mudança na escala de trabalho 6x1 para 5x2: impacto em custo e margem na atividade leiteira
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No final de 2024 ganhou força as discussões em torno da mudança na escala de trabalho, colocando fim ao modelo 6x1, com argumentos pautados em maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, entre outras questões. Sabe-se que existem inúmeros fatores envolvidos nas decisões relacionadas à escala de trabalho, sendo que as empresas/fazendas adotam o que melhor se enquadra no seu perfil e no perfil dos seus colaboradores, dada a legislação vigente.
No entanto, atualmente no setor de leite, a escala 6x1 é predominante nas fazendas. O objetivo deste estudo é mostrar o impacto no custo de produção e na margem líquida da atividade em um cenário de alteração na escala 6x1 para 5x2, considerando apenas mudanças nas horas trabalhadas. Será avaliado apenas o impacto da mudança em custo e margem, sem a discussão do mérito qualitativo destas eventuais mudanças. Alterações na produtividade da mão de obra ou quaisquer outras mudanças gerenciais ou nos sistemas de produção não foram consideradas.
A análise partiu da premissa de redução da jornada semanal de 48 para 40 horas, ou seja, uma diminuição de 8 horas por semana, o que impactará diretamente no custo relacionado à mão de obra. Essas 8 horas equivalem a cerca de 20% da jornada de trabalho total, sendo este o aumento de custo de mão de obra considerado, itido todo o restante constante.
Essa é uma hipótese simplificadora, acatada para viabilizar o trabalho, ainda que se saiba que a mão de obra não seja facilmente fracionada. Como exemplo, uma fazenda que possui dois funcionários, com um cobrindo a folga do outro, poderá necessitar da contratação de um terceiro funcionário, com impacto superior no custo de mão de obra. Para a realização deste estudo, além dessa hipótese simplificadora, utilizou-se um banco de dados gerenciado pela Labor Rural de centenas de fazendas de leite, de diversos estados e perfis produtivos. Foram consideradas apenas aquelas fazendas cuja mão de obra contratada representa 50% ou mais da mão de obra utilizada, o que culminou em uma amostra contendo 292 fazendas.
A importância da mão de obra no custo de produção de leite
Na Figura 1 mostra o peso da mão de obra contratada no custo operacional efetivo (COE) das fazendas analisadas, mostrando uma grande amplitude nos resultados. Os resultados apresentam grande variação entre as propriedades, indo de apenas 3%, um percentual relativamente baixo, até 30% do COE, que é bastante elevado. Em média, no entanto, o custo com mão de obra contratada representou 9,8% do custo operacional efetivo de produção, o que tem uma grande relevância no resultado final. Além da relevância econômica direta, a mão de obra tem impacto em inúmeras tarefas em uma fazenda de pecuária de leite, sendo fundamental ser bem treinada e gerenciada.
Figura 1. Participação da mão de obra contratada no custo operacional efetivo (COE) de produção de leite, em 2023, valores individuais para propriedades classificadas em ordem crescente de participação, expressos em porcentagem.
Fonte: Labor Rural/Embrapa Gado de Leite.
Considerando a importância econômica da mão de obra contratada na atividade leiteira, um incremento médio de 20% no custo desta mão de obra causou um impacto variando de R$ 0,011/litro até R$0,127/litro, nas diferentes propriedades analisadas.
Em média, o custo de produção de leite foi onerado em R$0,041/litro. Com base nessa simulação aplicada a todas as fazendas, COE do leite na amostra analisada teria uma elevação entre 0,7% e 6,3% por litro de leite produzido (Figura 2).
Figura 2. Mudança no COE do leite com a alteração na escala de 6x1 para 5x2, em 2023, valores individuais para propriedades classificadas em ordem crescente de impacto, expressos em R$/litro.
Fonte: Labor Rural/Embrapa Gado de Leite.
Impacto da mudança de escala de trabalho na margem líquida do leite
Além de entender o impacto no custo de produção, é fundamental avaliar o possível impacto na margem líquida (ML) do leite. Neste caso, existem várias nuances que poderiam ser consideradas. Uma delas seriam as fazendas com ML positiva, mesmo após a alteração na escala de trabalho, onde a redução na ML variou de 1,8% até 88,2%. Este limite superior ilustra que, em algumas fazendas, a ML foi praticamente zerada com a alteração considerada na jornada de trabalho. Quanto menor a ML por litro de leite produzido, maior o impacto percentual da alteração simulada.
Ainda sobre o impacto na ML, outra nuance seria considerar o número de fazendas que teve a ML ando de positiva para negativa, o que ocorreu em 6% das fazendas. Ou seja, considerando a amostra de 292 fazendas, cerca de 80% estavam com ML positiva e, portanto, possuíam alguma rentabilidade. Após a alteração na escala de 6x1 para 5x2, esse percentual recuou para 75%.
Além disso, já havia fazendas em que a ML estava negativa nos dois cenários, mas a situação logicamente piorou após a simulação de alteração na escala de trabalho. Este comportamento ocorre para as fazendas que possuem a ML por litro de leite baixa, visto que, por exemplo, se uma fazenda possui R$ 0,06/litro de leite em ML, mas seu custo de produção aumentar em R$ 0,07/litro, essa fazenda ará a ter margem negativa. Visto isso, fica claro que as fazendas que tendem a ter maior impacto econômico são aquelas que justamente já estão em situações mais desafiadoras.
A utilização de mão de obra em qualquer setor produtivo tem sido um desafio para os gestores e negócios, não apenas no Brasil, mas em diversos países. Isso tem levado a um processo crescente de mecanização e automação, buscando alternativas para mitigar este cenário de custo e escassez. No meio rural, a situação é ainda mais complicada, pois poucas famílias estão dispostas a morar no campo. Entre os mais jovens é ainda mais evidente essa escolha, o que acende alertas para cenários futuros. Portanto, além da questão relacionada ao custo da mão de obra, entra também a baixa disponibilidade, que têm inclusive causado em alguns casos o encerramento da atividade.
Diante deste contexto, boas condições salariais, plano de carreira, moradia digna e um equilíbrio entre trabalho e vida social são importantes fatores para conseguir colaboradores e para retê-los, deixando de ser um luxo para ser uma necessidade básica.
A mudança na escala de trabalho é solução ou risco?
As estratégias são muitas, mas nenhuma bala de prata vai resolver o problema sozinho. A alteração na escala de trabalho será um caminho? O fato é que na média brasileira, a alteração na escala de trabalho de 6x1 para 5x2 tem um efeito relevante no custo de produção e nas margens das fazendas e, em alguns casos, pode ser a gota d’água.
Tal alteração não seria tão problemática se ocorresse um bom avanço na produtividade da mão de obra, mas não parece ser o caso, sobretudo porque a produtividade da mão de obra brasileira é relativamente mais baixa do que a de grandes players mundiais do mercado de leite.
A pergunta que fica não é apenas “se devemos mudar a escala”, mas como transformar essa mudança em ganho de eficiência. O futuro da atividade leiteira dependerá da capacidade de produzir mais, com menos, e com gente motivada. E isso exige gestão profissional, inovação e coragem para decidir com base em evidências. No fim do dia, quem está no batente quer reconhecimento, estabilidade e futuro. E quem está à frente da fazenda precisa de resultado.
Quando esses dois lados não se encontram, a conta simplesmente não fecha.
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Material escrito por:

Glauco Rodrigues Carvalho
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Christiano Nascif
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