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Como a IATF está ajudando a pecuária brasileira a ser mais sustentável

O estudo sobre IATF revelou que a biotecnologia não só aumentou a produção, mas também ajudou a reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa. Saiba mais!

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 4 minutos de leitura

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A inseminação artificial em tempo fixo (IATF) tem mostrado grandes benefícios para a pecuária brasileira, quando comparada ao modelo tradicional de monta natural dos touros. Segundo um estudo realizado pela Fundação Medicina Veterinária (FUMVET-FMVZ/USP), em parceria com a GlobalGen Saúde Animal, a IATF não só aumentou a produtividade, como também ajudou a reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE).

O estudo revelou que a IATF diminuiu em até 49% a pegada de carbono na produção de carne bovina e em 37% na produção de leite. Isso ocorre porque, ao melhorar a eficiência reprodutiva e genética do rebanho, é possível produzir mais carne e leite com menos impacto ambiental. O professor Pietro Sampaio Baruselli, professor titular da FMVZ-USP, destaca que, como o Brasil tem o maior rebanho do mundo, a adoção da IATF traz impactos ambientais positivos em grande escala.

A IATF se adequa perfeitamente aos sistemas de manejo, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ou uso de aditivos nutricionais com elevada sinergia”, afirma Baruselli. Fazem parte do grupo de pesquisa Laís Ângelo de Abreu, doutorando sob orientação de Baruselli, e Vanessa Romário de Paula, da Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora (MG), que atua nas áreas de gestão ambiental, sustentabilidade, licenciamento ambiental e avaliação de ciclo de vida na pecuária de leite.

 

Impacto da IATF na redução de emissões 

O estudo comparou dois cenários distintos: um com monta natural e outro com o uso de inseminação artificial em tempo fixo (IATF), ambos considerados ao longo de um ano zootécnico completo. Foram utilizados dados primários da GlobalGen, bancos de dados como o Ecoinvent e referências técnicas da Embrapa. 

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Vanessa, uma das responsáveis pelo estudo, explica que essa metodologia garante rastreabilidade, transparência e comparabilidade internacional dos resultados, o que é fundamental, especialmente para o mercado de carbono emergente.

A análise considerou o modelo “cradle to farm gate”, avaliando as emissões desde a produção dos insumos até o momento em que o leite e a carne saem da fazenda, sem incluir o transporte ou o processamento industrial. Para padronizar a comparação de diferentes gases (metano, óxido nitroso e CO²), todas as emissões foram convertidas para quilogramas de dióxido de carbono equivalente (kg CO2eq).

No sistema de leite, 595 mil vacas em lactação foram inseminadas com IATF. A produção aumentou 36%, e a pegada de carbono caiu de 1,44 para 1,06 kg CO2eq por quilo de leite corrigido (FPCM). Esse ganho foi atribuído à redução da idade ao primeiro parto, do intervalo entre partos e aos avanços genéticos obtidos com a inseminação.

Vanessa destaca que a padronização dos resultados permite que sejam comparados com estudos de outros países, como os da Europa e América do Norte. Isso é essencial para integrar a pecuária brasileira em cadeias globais que exigem rastreabilidade e mensuração de impacto. "Estamos pavimentando o caminho para incluir a pecuária nos modelos de crédito de carbono, onde o carbono evitado por ser mais eficiente pode ser contabilizado", afirma.

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Baruselli complementa, reforçando a relação direta entre eficiência reprodutiva e sustentabilidade: "A comparação entre monta natural e IATF mostra que, ao melhorar a eficiência, conseguimos reduzir a pegada de carbono por quilo de produto gerado."

Laís Abreu acrescenta que a eficiência reprodutiva está no centro das emissões. "Ao antecipar partos, reduzir dias em lactação ou aumentar a taxa de prenhez, você reduz o uso de recursos por unidade de carne ou leite, o que resulta em menos emissões de carbono." Ela acredita que, com informações técnico-científicas e a regulamentação do mercado de carbono, será possível criar modelos de certificação sustentável que trarão ganhos diretos para os produtores rurais. "Os resultados deste estudo são fundamentais para quantificar as emissões nos sistemas de produção pecuária e transformar tecnologias em ações reais para a redução do impacto ambiental."

 

Eficiência reprodutiva e sustentabilidade na pecuária

Outros estudos indicam que, na pecuária de corte, a unidade vaca-bezerro consome cerca de 70% dos recursos naturais, especialmente em termos de ocupação de área. Por isso, melhorar a eficiência reprodutiva tem grande impacto na rentabilidade e sustentabilidade do sistema de produção. Com maior eficiência, será necessário menos gado para gerar a próxima geração de bezerros, o que reduz a demanda por recursos, as emissões de metano e os custos. Essa é uma das metas para a pecuária brasileira.

Os sistemas de produção de carne e leite no Brasil variam bastante, devido a fatores como clima, solo, vegetação, manejo e genética animal. Por isso, utilizar dados internacionais sem adaptações comprometeria a precisão dos resultados.

Vanessa destaca que o grupo de pesquisa já havia estudado a pegada de carbono nos diferentes biomas brasileiros, como a Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa. A metodologia foi validada internacionalmente e adaptada à realidade brasileira. "Consideramos também o impacto dos biomas nas matrizes que receberam IATF", afirma.

Os pesquisadores coletaram dados regionais e nacionais de fontes como a Embrapa Gado de Leite e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), além de usar modelos preditivos ajustados à realidade tropical. Vanessa ressalta que tecnologias como a IATF, que aumentam a eficiência produtiva, estão diretamente ligadas à mitigação de emissões e podem ser combinadas com práticas como a integração lavoura-pecuária-floresta e biodigestores.

A regionalização dos dados foi um dos principais avanços do estudo, permitindo estratégias de mitigação mais eficazes dentro da realidade produtiva brasileira. A GlobalGen viu na tecnologia uma ferramenta estratégica para atender à demanda global por alimentos sustentáveis.

O estudo mostra que a biotecnologia da IATF, além de economicamente importante, reduz potencialmente a pegada de carbono da pecuária. Portanto, é uma prática sustentável”, afirma Rodrigo Faleiros, diretor superintendente da UCBVET Saúde Animal, controladora da GlobalGen.


As informações são da Forbes, adaptadas pela equipe MilkPoint

 

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